Governo estuda mudança no sistema de acionamento das usinas térmicas

Por Rodrigo Polito

O governo federal vai discutir a possibilidade de alteração no modelo de acionamento das termelétricas, que pode resultar em custo menor de energia para os consumidores do país. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim a ideia é retomar o modelo anterior, em que cada usina era acionada por ordem de custo de operação, quando o modelo indicava ser economicamente necessário o despacho da usina térmica.

A regra atual prevê que o governo pode determinar o acionamento de termelétricas também por razões de segurança energética, o que aumenta o custo da energia para todo o sistema.

“Como o PLD [preço de liquidação de diferenças], o preço do mercado spot, está muito baixo, se deixarmos por ordem de mérito, teremos menos térmicas despachadas”, disse o executivo, após participar de evento no Rio. Segundo ele, há uma sobra estrutural de energia no sistema da ordem de 12 mil megawatts (MW) médios.

Segundo Tolmasquim, o assunto ainda será discutido pelo governo, podendo ser analisado antes da próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE), na primeira semana de abril. Ele, afirmou que não há nada decidido ainda.

A mudança do mecanismo atual para o modelo anterior – chamado de despacho por ordem de mérito – pode gerar um efeito redutor no custo da energia maior do que o previsto pelo modelo atual. Com o PLD no piso regulatório -R$ 30,25 por megawatt-hora, em todas as regiões, com exceção do Nordeste -, o despacho termelétrico será muito menor, com menor custo operacional repassado aos consumidores. Ainda não é possível prever, porém, de quanto seria esse alívio tarifário.

O presidente da EPE contou ainda que o leilão de energia de reserva (LER) voltado para projetos de energia eólica poderá incluir uma segunda fase, na qual serão ofertados projetos de transmissão para escoar energia dos parques eólicos que forem negociados na primeira etapa.

A ideia é estimular geradores eólicos a atraírem investidores para construir as linhas de transmissão e, ao mesmo tempo, evitar que haja descasamento entre a construção das usinas e das linhas.

Caso os lotes de transmissão ofertados não forem negociados, o gerador não assinará o contrato relativo aos parques eólicos que venceram na primeira etapa e necessitavam da linha. “Você está dando um incentivo para o gerador que ganhou o leilão de eólica ir atrás da transmissão. Se não, ele não assina o contrato”, disse.