EPE pretende realizar pelo menos três leilões em 2016

Por Rodrigo Polito

O governo mantém a previsão de realizar pelo menos três leilões de energia este ano, mesmo com a fraca demanda no mercado e a sobreoferta das distribuidoras. Além dos leilões convencionais de longo prazo – o “A-5” e “A-3”, que negociam contratos para início de fornecimento em cinco e três anos, respectivamente -, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) pretende realizar pelo menos um leilão de energia de reserva, destinado a projetos de energia eólica, solar e de pequenas e micros hidrelétricas.

“Vamos ter todos os leilões, mesmo com a demanda baixa. No A-5 e A-3 vamos ter pouca demanda porque grande parte das distribuidoras [que definem a demanda desses leilões] estão sobrecontratadas. No [leilão] de reserva, temos uma certa liberdade para contratar um pouco mais, porque não depende da distribuidora. É uma energia a mais do que ela requereu”, afirmou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, em evento sexta-feira, no Rio.

O executivo explicou que, mesmo com a fraca demanda, é importante fazer o leilão de reserva para garantir a continuidade das encomendas para a cadeia de fornecedores das indústrias eólica e solar.

O presidente da EPE também revelou que o governo deve rever para baixo a previsão da demanda de energia para os próximos cinco anos. A projeção oficial, feita em conjunto com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), indica uma média de crescimento de 3,6% ao ano, entre 2015 e 2020. Para este ano, a previsão é de crescimento de 1%, mas ela foi baseada em uma previsão de queda do PIB de 2%. E especialistas avaliam que o tombo da economia brasileira em 2016 será maior que essa estimativa.

“Para 2016, [a previsão] era um crescimento de 1% do consumo de energia. Certamente isso vai ser revisto para baixo. Não tenho o número ainda, mas existe uma possibilidade de ser negativo”, disse ele. “De cinco a dez anos, [a demanda] vai continuar se expandindo, mas vai ser uma expansão menor do que aquela que se previa antes”, completou.

Pelo rito ordinário, a EPE e o ONS seriam obrigados a divulgar a revisão da previsão em maio. Segundo Tolmasquim, porém, é possível que a revisão seja antecipada em um mês. O motivo é a rápida deterioração da economia do país.

Se o consumo de energia recuar em 2016, será o segundo ano consecutivo de retração da demanda. Em 2015, o consumo recuou 2,1% em relação ao ano anterior.

Tolmasquim também disse que “provavelmente” uma empresa privada assumirá os ativos de transmissão da espanhola Abengoa no Brasil, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro. Segundo ele, é importante que uma solução para o caso seja encontrada ainda no primeiro semestre, para evitar que o atraso nas obras da Abengoa afetem o fornecimento de energia do país.