Calor e chuvas contidas já preocupam setor elétrico

Por Rodrigo Polito – Valor Econômico.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê crescimento de 3,7% no consumo de energia em janeiro, em relação a igual período de 2016, totalizando 67.845 megawatts (MW) médios. Essa tendência não se deve a uma possível recuperação da economia, mas à previsão de aumento expressivo do calor neste mês.

As temperaturas elevadas refletem também um volume de chuvas menos intenso previsto para janeiro, na comparação com igual mês do ano passado. A diminuição de chuvas significa também menos água nos reservatórios das hidrelétricas, justamente num período considerado importante para a recuperação dos lagos das usinas.

O ONS prevê volume de chuvas de apenas 72% da média histórica para este mês no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, responsável por 70% do total de energia armazenável em reservatórios. A entidade estima que as usinas dessas duas regiões cheguem ao fim do mês com apenas 36% de sua capacidade, volume quase 20% inferior ao de janeiro do ano passado.

Apesar da aparente tranquilidade em razão do consumo de energia mais fraco, a situação dos reservatórios das hidrelétricas é preocupante, observa Leontina Pinto, diretora-executiva da consultoria Engenho. “Basta ver o preço alto da energia de curto prazo em janeiro”, disse ela. O preço está em R$ 148,04 por megawatt-hora (MWh), valor considerado elevado para esta época.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne as principais autoridades do segmento, previu no ano passado que o risco de déficit de energia em 2017 seria de 0,9% para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste e de 0,1% para o Nordeste. O forte calor e a redução do volume de chuvas podem alterar essas previsões. De acordo com o ONS, entre os subsistemas do país, o maior aumento de consumo em janeiro, de 9,2%, deverá ser no Nordeste.