Leilão A-5: preços dão sinal econômico correto e motivam investidores

Especialistas afirmam ser importante haver continuidade na política de preços nos próximos certames

Canal Energia, 31/03/2015

Os preços-teto do leilão A-5, que acontecerá no dia 30 de abril, motivam os investidores a participarem do certame e dão o sinal econômico adequado, de acordo com especialistas ouvidos pela Agência CanalEnergia. Na licitação, as PCHs terão preço máximo de R$ 210/MWh e as térmicas, sejam a carvão, gás natural ou biomassa, terão um preço-teto de R$ 281/MWh. Para as hidreletricas, o teto estabelecido é de R$ 155/MWh, no caso de Itaocara (RJ – 150 MW); de R$ 164/MWh para Telêmaco Borba (PR-  MW); de R$ 201/MWh para Apertados (PR – 139 MW) e R$ 187/MWh para Ercilândia (PR – 109 MW).

 

O valor que mais surpreendeu foi o estipulado para as PCHs. Ivo Pugnaloni, presidente da Abrapch, diz que com o valor, a questão do preços para a fonte está resolvida. “Só temos a lamentar que o prazo de inscrição esteja encerrado”, afirmou o executivo. Ele torce para que o governo faça um segundo leilão A-5 este ano. O foco agora, segundo o executivo, é destravar a questão ambiental. Pugnaloni lembrou que os órgãos ambientais estaduais tem estrutura deficitária e estão sobrecarregados. A aposta é em parceria entre os governos estaduais e federal para destravar esse gargalo através de repasse de recursos da União.

 

Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa, antevê que o preço vai atrair um número maior de projetos de PCHs já nos próximos certames. “Fiquei muito satisfeito com esse preço”, comentou. Estão inscritas para o leilão 27 pequenas hidreletricas, que somam 477 MW. Mas existem 652 projetos em tramitação na Agência Nacional de Energia Eletrica, com potência somada de 6.693 MW; além de 146 projetos em fase de elaboração, com um total de 1.698 MW; e de 171 PCHs autorizadas, que ainda não estão em operação, com 2.456 MW.

 

“Essa sinalização de preço, alinhada àquele processo de simplificação da análise de empreendimentos pela Aneel, vai dar um outro ânimo no sentido de retomada dos projetos no país”, afirmou Lenzi. Ele destaca a recepção da agência reguladora aos pleitos dos geradores, e cita o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética, que também participaram das discussões com o setor privado, em busca de soluções para o retorno da fonte aos leilões de energia.

 

No que diz respeito às térmicas, tanto a União da Indústria da Cana-de-Açúcar como a Associação Brasileira de Carvão Mineral disseram que é importante o sinal econômico que está sendo dado pelo governo e que é preciso que haja essa continuidade na política de preços. “Definitivamente, nós esperamos que a continuidade dessa política via preço possa atrair mais projetos a biomassa”, declarou Zilmar de Souza, gerente de Bioeletricidade da Unica. Segundo ele, apesar dos avanços no preço, outras medidas ainda precisam ser tomadas para que a maior parte dos projetos seja viabilizada. Ele diz que a conexão dos empreendimentos tem um custo que pode chegar a 30% do valor do investimento e é uma barreira muito grande a entrada.

 

“É preciso não só os preços continuarem melhorando, mas ter uma política setorial voltada para a biomassa como um todo”, apontou Souza. Para o certame se inscreveram 22 projetos de térmicas a biomassa, que totalizam 1.161 MW. Fernando Luiz Zancan, presidente da ABCM, avalia que o preço é razoável e incorporou a variação do dólar, que hoje está cotado a R$ 3,20. “A gente estava preocupado se o preço iria incorporar a variação do dólar, porque nosso equipamento é importado”, apontou o executivo. Estão cadastrados para o próximo certame quatro térmicas a carvão, que somam 2.100 MW, mas, segundo Zancan, apenas dois utilizam o carvão nacional.